Cap 2

Ai, ai, esse sou eu, aí sentado no sofá
Com meu short da sorte e a pulseira preta e branca.
Após uma noite mal dormida e uma manhã confusa
Um sono pré-tarde é o que alegra os domingos.
Dia que geralmente é chato, mas hoje tem Vasco na TV.
Não liguei para ninguém, odeio ver jogo acompanhado.
Porém, às 16h02 o interfone toca:
"Seu Agenor tem uma menina aqui embaixo,
uma tal de Vanessa, manda subir?".
Eu disse, ops! Antes de responder vale lembrar
E torço para que esqueçam, meu nome é Agenor Neto.
Minha mãe diz que foi uma homenagem ao Cazuza.
Mas se quisesse fazer uma homenagem digna colocasse
Meu nome até de Barão Vermelho que eu ia preferir.
Meus amigos me chamam de , é uma forma de me apresentar.
Voltando. Eu disse: "Pode sim", mas pensei:
"O que ela quer aqui!?", cheio de raiva que eu estava.
Ela subiu, lotada de atitude, falando que perdeu um brinco de ouro.
Começou a gritar, dizendo que a culpa era minha, isso e aquilo.
Eu não falava nada enquanto via se o Edmundo ia jogar ou não.
Até que ela, na brutalidade, desliga a televisão e começa a gritar
Como uma ex-esposa reclamando de pensão alimentícia.
Ela é muito abusada, só teve uma noite comigo
E mesmo assim eu não lembro de nada.
Respondi o clássico: "Eu não sei, estava bêbado".
Esse foi o pior momento. Ela começou a dizer
Que eu só havia ficado com ela por causa do alto teor alcoólico.
Respondi: "Não, meus amigos também incentivaram".
Essa foi a melhor resposta que eu já dei em um domingo.
Ela entrou nervosa e saiu mais nervosa ainda.
Dizendo que os homens não prestam
E que só querem saber de vadiagem.
Neste momento vale lembrar o delicioso café da manhã
Com suco de laranja e biscoitos em uma bandeja.
Após esses 20 minutos de desperdício
Ligo a televisão novamente e o Santos havia feitos dois gols.
Esse foi o meu momento de nervosismo.
Desliguei a TV, liguei para Vanessa e gritei:
"Volta aqui agora e vá achar a porra do seu brinco!"
Na grosseria elas voltam mais calmas.
Ela entrou muda e saiu calada. Procurou o objeto
Por toda a parte da casa, até que achou debaixo da cama.
Lugar esse óbvio, tudo que se perde foge para debaixo da cama.
Quando ela viu minha cara fechada veio com aquele ar manso:
"Você está chateado comigo, amor?".
Mal sabe ela que odeio quando me chamam de "amor".
Eu disse: "Não", e não estava realmente.
Estava nervoso era com o jogo do meu time.
E ela voltou a perguntar: "Me diz, amor, o que posso fazer
Para te ajudar a ficar bem?".
Ela me chamou de "amor" duas vezes, neste momento
É preciso respirar fundo para não xingar ninguém.
Só disse: "Nada". Eu estava falando a verdade de novo
Até porque para ela me ajudar ela teria que jogar futebol,
Ir para Santos e marcar dois gols a favor do Vasco.
Quando ela ousou em perguntar pela terceira vez
Eu a interrompi e disse: "Pronto, já achou o brinco
Agora pode ir embora, por favor?".
Ela se transformou e gritou: "Isso é por causa do brinco!?
Eu não quero mais isso também não!".
E jogou o brinco de ouro pela janela.
Vá entender as mulheres. Nesse momento
Quem deveria estar super nervoso era eu.
Porque o que ela queria era encontrar o brinco
E o achou. O que eu queria era que o Vasco virasse o jogo.
E não foi isso que aconteceu, acabou 3x1 para eles.
É, esse sou eu. A pessoa que odeia os domingos.
Ainda mais quando meu time perde ou
Quando uma louca acorda ao seu lado
E volta sem mais nem menos.
O jantar foi pizza para me alegrar um pouco.

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